domingo, junho 17, 2007

  • Angell
  • Aswat - Ó As "Vozes" Das Mulheres Palestinas Lésbicas

    Como uma luta de duas mulheres, que arriscam as suas vidas; está a marcar o mundo árabe, israelita e palestiniano...

    Eu já tinha lido sobre a Rauda Morcos e a Samira; mas hoje achei que devia deixar aqui um pouco sobre elas, a sua luta num mundo dominantemente masculino; onde as mulheres para se afirmarem, como tal, é uma atitude heróica. Especialmente sendo a homossexualidade um tabu; uma doença, uma anormalidade, proibida na sociedade árabe...
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    Do Médio Oriente chegam-nos notícias de bombardiamentos, e conflitos sociais; onde as mulheres estão fadadas apenas ao papel de filhas e de mães... Foi então dai que surgio a luta de duas mulheres corajosas que usaram mostrar o seu amor lésbico. Rauda Morcos e Samira criaram a primeira associação para lésbicas na região, com o nome sujestivo de Aswat, ou seja "Vozes"; cujo slogan é "Somos Palestinas, Somos Mulheres e somos Lésbicas". Onde as mulheres lésbicas árabes, israelenses e palestinas, possam unir as suas forças e romperem com o tabu á volta da homossexualidade, convertêndo-a numa luta política. Tudo começou quando criram um fórum na internet em 2002, que acabou por ser um sucesso; passado um ano surgio a Aswat. Hoje a associação recebe apoios de ONGs americanas e europeias, onde promove a sensibilização e informação sobre a diversidade sexual, sobretudo, do lesbianismo. Nas suas reuniões mensais, as mulheres discutem interesses mútuos , planeiam enventos e publicações para as lésbicas; bem como confortar aquelas que de mais ajuda precisam. Será ainda lançado em breve, um fórum virtual dedicado a gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros de origem árabe em todo o mundo.

    Claro que existem os revezes; e não são poucos, ou pacificos. Sendo a sociedade árabe, exclusivamente patriacal , sendo a família o centro da vida social. Onde afirmar-se publicamente a homossexualidade requer ter apoios financeiros por trás; porque a família desliga-se, condena e a sociedade ameaça, ignora e repúdia o mesmo. Ambas foram ameaçadas, mas continuam a sua luta; para que seja tratada de forma política e social. Quando Rauda decidiu sair do armário, perdeu o seu emprego de professora de inglês e a sua vida transformou-se num inferno. Especialmente no local onde vivia. Segundo as suas palavras; " Ninguém pode declarar publicamente a sua homossexualidade sem contar com apoio. É preciso ser forte, inclusive economicamente, porque é necessário buscar alternativas ao apoio famíliar que se perde.", ainda "As pessoas telefonavam para me insultar e meus tios deixaram de falar comigo". Para complicar, quando a visibilidade da Aswat tornou-se notória, a organização árabe do movimento islâmico mostrou a sua ira.

    Recentemente um deputado do Parlamento Israelense, Ibrahin Sarsur, e menbro do Movimento Islãmico, desaprovou a existência do grupo e segundo ele, "Segundo a lei islâmica, a homossexualidade é ilegítima, uma espécie de doença que deve ser tratada como tal. A nossa sociedade árabe não pode tolerar um fenómeno semelhante".

    Samira e Rauda já receberam ameaças, mas não desanimam em lutar, nem temem, os tradicionalistas islâmicos. " Tentamos fazer o nosso trabalho sem lhes dar mais importãncia que merecem. A sociedade é hipócrita, mas nós repudiamos que este tema fique em segredo. Queremos que seja tratado de forma política e social", afirma Samira. Explica ainda que muitos homens e mulheres homossexuais são casados, tendo uma vida dupla; porque acredita-se que ser homossexual é proibido pela religião. As fundadoras da Aswat não param de receber e-mails e cartas de apoio, bem como de solidariedade de todas as partes do mundo. Elas estão optimistas e acreditam que aos poucos a mulher lésbica conquistará o seu espaço. No entanto, "Não nos iludimos. Sabemos, por exemplo, que não haverá Parada do Orgulho Gay em Gaza, mas pouco a pouco vamos mudar as coisas", termina Rauda.

    Quem quiser conhecer o trabalho da Aswat; bem como acompanhar a vida destas mulheres, aqui fica o link para o site da associação, disponível em inglês ou árabe, Aswatgroup
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    Fonte da notícia original (Escrita por: Bruna Angrisani) e respectiva foto: MixBrasil
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    Rauda e Samira têm a tarefa espinhosa e árdua de defender o que acreditam. Os direitos delas e de tantos como elas. São pioneiras, e para mim heroínas de verdade. Pensar nessas mulheres dos países árabes, as suas vidas, as suas esperanaças, os seus sonhos barricados por atitudes desumanas, preconceituosas e retrógadas. A religião, a política, a sociedade no geral, com os seus morais e ditos "bons costumes"; muitas vezes hipócritas desfarçados; não deviam ter o direito de travar a felicidade de ninguém... Pensar em nós mulheres ocidentais, e dos nossos problemas em nos assumirmos, não se comparam com o dessas mulheres orientais. Faço votos que tanto elas, como nós possamos vir a ser bem sucedidas(os) contra a intolerância, preconceitos e porque não mesquinhezes e idiotices de tantos...

    10 Comments:

    Blogger wind said...

    Angell se na cultura Ocidental é o que é, imagina na cultura deles.
    Enquanto houver Deus, Alá, e o resto, a maior parte das coisas têm de ser feitas com muita luta.
    Beijos

    9:45 da tarde  
    Blogger Idiota said...

    A mim faz-me sempre confusão como hei-de agir com coisas que para mim me parecem obvias e que não o são para os outros.
    Acho que nunca se matou tanto como em nome de Deus (tenha ele que nome tiver) mas não me parece que o problema esteja bem centrado ai acho que reside mais em não conseguir aceitar as diferenças (que não são assim tão diferentes que podem até andar escondidos, e diferentes somos todos nós)...
    Constrange-me e não sei como agir será que gritar resolve?, escrever (pessoas como nós com anónimos cochichos) resolve? atiçar resolve? e até explicar a quem simplesmente não quer ouvir resolve? Simplesmente, não sei...

    Para mim tudo devia partir de cada um de nós...

    11:03 da tarde  
    Blogger Maria José said...

    A prova que nas diferenças, há, afinal, muitas semelhanças... de pensamento, de atitude, de sofrimento, de alegria, de revolta...

    7:15 da tarde  
    Blogger Memory said...

    Segundo anguns estudos feitos pelo o antropologo Malek chebel nascido na Argeliae residente em Paris existe uma Homo-sensualidade Oriental que consiste na atitude dos Orientais em geral e dos Arabes em particular de, na ausencia de parceiros do sexo oposto, transpor para os seus pares o execedente de sensualidade dos quais não conseguem libertar-se de outro modo. Isto é uma forma de disfarçar e não assumir directamente a homosexualidade.O universo amoroso dos paises muçulmanos fala do corpo e recorda que o amor e a sensualidade estão na origem do Islão e que esta visão carnal é encarada como HOMO SENSUALIDADE. Ora existe homossexualidade neste tipo de relações embora não aceite em termos de designação. se isto acontece com os homens arabes, acontece também com as mulheres arabes. Ainda bem que há pioneiras que lutam numa sociedade dificil, cheia de preconceitos, e que tenham a coragem de enfrentar todos os obstaculos que irão surgir. São efectivamente umas heroínas...Mas são como mulheres como estas que o Mundo se vai alterando....
    Bjs

    8:27 da tarde  
    Blogger Angell said...

    Wind,
    Infelismente assim é... Enquanto a maioria se agarrar a ideias ultrapassadas, sem valor prático na vida real actual. Movidos por ideias e ideais que se calhar nem acreditam... Estamos mesmo muito mal! Sem luta nada conseguiremos; então o melhor é lutarmos por aquilo que acreditamos; e especialmente pelos nossos direitos, como qualquer cidadão neste mundo...

    Bjs!

    10:49 da tarde  
    Blogger Angell said...

    Idiota,
    Se gritar resolve-se algo! Nós o fariamos a plenos pulmões! Mas a surdez é muita... Escrever, seriam mais umas quantas cartas esquecidas num qualquer monte, sem nunca terem um olhar nas suas linhas... Atiçar? Ficariam ainda mais irados. Pelo menos mexia-se no problema... Explicar, a gente até pode explicar; mas as mentes mais carcumidas com ideias infiltradas deste tenras idades, e de vistas pequenas; não as iriam absorver, ou conceber... Lutar contra muros de intolerância, e preconceito é uma tarefa árdua, mas não impossível. Aliás "NADA" é impossível. Não é o que se costuma dizer?

    O que pode haver de anormal no amor entre duas pessoas? Que importa que sejam do mesmo sexo? Farão mal a alguém? Não, a não ser a quem não tem mais nada que fazer...

    Tens razão "...diferentes somos todos nós"; e "...tudo devia partir de cada um de nós..."

    Bjs!

    11:07 da tarde  
    Blogger Angell said...

    Maria José,
    Sem dúvida que nas diferenças; há sempre muitas semelhanças. Disses-te tanto em tão poucas palavras, rapariga! :)

    Bjs!

    11:10 da tarde  
    Blogger Angell said...

    Memory,
    Homo-Sensualidade Oriental; ou seja "Homo-Sexualidade" Oriental disfarçada... "Interessante" a doutrina desses senhores do Oriente. Desconhecia o facto.

    Essas mulheres São pioneiras e heroínas, sem dúvida; e estas são de carne e osso como nós. Mulheres com M grande. Que surjam muitas mais assim... Que essa luta traga os seus louros...

    Obrigada por nos ilucidares um pouco mais sobre a mente, e os costumes Orientais. Como já disse; desconhecia o que escreves-te!

    Bjs!

    11:28 da tarde  
    Blogger Special K said...

    Admiro e louvo a coragem destas duas mulheres. Se na nossa sociedade já é tão dificil amar alguém do mesmo sexo imagine-se então num pais islâmico, ainda mais por serem mulheres. Muita força porque a luta delas é também a nossa e elas bem vão precisar.
    Beijinhos.

    10:27 da tarde  
    Blogger Angell said...

    Special K,
    Tens toda a razão! São duas mulheres admiráveis e corajosas! Se para nós é tão difícil; quanto mais para elas... Que a força nunca lhes falte, e a nós também não! :)

    Bjs!

    10:32 da tarde  

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